Lembro-me claramente da vez em que contratei meu primeiro servente para ajudar numa reforma em casa. Era uma manhã quente de sábado; eu já estava exausto de trocar mensagens e atender ligações, e a expectativa de economizar tempo era grande. Acabei contratando alguém sem verificar nada além de uma indicação — resultado: atrasos, trabalho mal-acabado e uma dor de cabeça que me custou mais do que eu esperava. Na minha jornada, aprendi que contratar servente exige organização, respeito às regras e critérios claros. Desde então, desenvolvi um checklist prático que me salvou em outros projetos e quero compartilhar tudo aqui com você.
Neste artigo você vai aprender: por que vale a pena planejar a contratação, passo a passo para contratar servente (legal e prático), como avaliar candidatos, cuidados com segurança e documentação, alternativas contratuais e respostas para as dúvidas mais comuns.
Por que planejar antes de contratar servente?
Contratar sem planejamento pode gerar retrabalhos, custos extras e problemas trabalhistas. Um servente bem selecionado e orientado aumenta produtividade, reduz desperdício e protege você contra riscos legais.
Quem é o servente e quais as responsabilidades comuns?
O servente (ou servente de obras) costuma executar atividades de apoio no canteiro: transporte de materiais, limpeza da obra, preparo de argamassa, auxílio ao pedreiro e conservação do local. Em construções maiores, pode haver serventes com funções específicas (armador, ajudante de eletricista, entre outros).
Passo a passo prático para contratar servente
1) Defina o perfil e a carga horária
- Especifique tarefas, jornada, local de trabalho e duração do serviço (temporário ou por projeto).
- Decida se precisa de experiência prévia ou se aceita treinar alguém sem experiência.
2) Pesquise o piso salarial e custos
- Consulte a convenção coletiva do sindicato da categoria na sua cidade/estado para saber piso, adicionais e benefícios.
- Calcule encargos (INSS, FGTS se for contratação CLT) ou custos de contratação como autônomo.
3) Escolha a modalidade de contratação (prós e contras)
- CLT (registro em carteira): maior segurança jurídica para ambas as partes, exige recolhimentos (INSS, FGTS, 13º, férias, etc.).
- Autônomo (recibo de pagamento/ RPA): para serviços eventuais; exige recolhimento do INSS do trabalhador ou por meio de carnê; cuidado com situação de subordinação que caracterize vínculo.
- Terceirizada ou por empreiteira: útil para obras grandes; transfere responsabilidades trabalhistas à empresa contratada.
- Informal: mais barata no curto prazo, mas arriscada — pode gerar passivos trabalhistas e multas.
4) Documentação e saúde ocupacional
- Peça CPF, RG, comprovante de residência e, se CLT, carteira de trabalho (CTPS).
- Exame admissional / Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) quando aplicável.
- Treinamento inicial sobre regras do local, riscos e uso de EPIs (capacete, botas, luvas).
5) Entrevista e checagens práticas
- Faça perguntas objetivas: experiência com tipos de obra, disponibilidade, referências.
- Pergunte sobre cursos de NR (ex.: NR-18 introdutório) ou treinamentos de segurança.
- Peça referências de empregadores anteriores e, se possível, cheque rapidamente com eles.
6) Formalize por escrito
- Mesmo para contratos informais, um acordo por escrito evita mal-entendidos. Inclua: descrição das atividades, salário, jornada, data de início e término, local e condições de rescisão.
- Para CLT, registre a função corretamente na carteira.
Segurança e obrigações legais (o que você não pode ignorar)
Obras têm riscos. No Brasil, a NR-18 trata de condições e meio ambiente de trabalho na construção civil. Mesmo em pequenas obras, é importante cumprir normas mínimas de segurança e fornecer EPIs conforme a NR-06.
- Treinamento de segurança antes de iniciar os trabalhos.
- EPIs obrigatórios e manutenção adequada.
- Organização do canteiro para circulação segura e descarte correto de resíduos.
Para consultas oficiais sobre normas e orientações, consulte o site do Ministério do Trabalho e Previdência (NR-18): gov.br – NR-18.
Como avaliar o candidato na prática
- Peça para descrever um dia de trabalho em uma obra — quem realmente conhece a rotina traz detalhes práticos.
- Teste prático curto: observe organização, cuidado com ferramentas e postura segura.
- Cheque pontualidade e comunicação nas primeiras semanas; são fortes indícios de profissional confiável.
Erros comuns ao contratar servente (e como evitá-los)
- Contratar apenas pelo menor preço — pode custar mais depois.
- Não formalizar condições — gera divergências sobre horas, pagamentos e responsabilidades.
- Ignorar segurança — aumenta riscos de acidentes e responsabilidade legal.
Modelo rápido de checklist para contratar servente
- Definir tarefas e jornada
- Verificar piso salarial e custos
- Escolher modalidade (CLT/autônomo/terceirizado)
- Recolher documentos e ASO
- Fornecer EPIs e treinamento
- Formalizar acordo por escrito
- Acompanhar desempenho nas primeiras semanas
Alternativas: contratar via plataforma ou empresa
Plataformas de contratação e serviços de mão de obra ou empreiteiras oferecem comodidade e redução de risco trabalhista. Porém, pesquise reputação, condições contratuais e custos. Em obras grandes, contratar por meio de empresa pode ser mais seguro e prático.
Perguntas frequentes (FAQ)
1. Preciso registrar o servente na carteira de trabalho?
Se a relação configurar vínculo empregatício (subordinação, habitualidade, onerosidade e pessoalidade), sim — o correto é registro em carteira (CLT). Para serviços eventuais e sem subordinação, pode-se contratar como autônomo, mas atenção aos riscos de reclamatórias trabalhistas.
2. Qual o salário de um servente?
Não existe um valor único. O piso é definido por convenção coletiva local. Consulte o sindicato da categoria na sua cidade/estado antes de negociar.
3. Posso pagar por dia ou por serviço?
Sim, desde que haja acordo claro. Para pagamentos diários ou por tarefa, formalize por escrito e garanta que encargos e direitos sejam respeitados quando houver vínculo empregatício.
4. Quais documentos são essenciais?
CPF, RG, comprovante de residência e CTPS (se CLT). Para obras, exame admissional e ASO são recomendados.
Conclusão
Contratar servente pode ser simples e seguro quando você planeja: defina o perfil, escolha a modalidade certa, verifique documentação, ofereça treinamento e formalize tudo por escrito. A experiência que compartilhei ensinou-me que tempo gasto na seleção e na organização vale muito mais do que tentar economizar de qualquer jeito.
Tem uma dúvida prática? Aqui vai um resumo dos principais pontos:
- Planeje a contratação e calcule custos reais antes de negociar.
- Prefira formalizar (mesmo que por um acordo simples) para evitar conflitos.
- Priorize segurança: EPIs e treinamento reduzem acidentes e problemas legais.
FAQ rápido
- Registro em carteira: quando houver vínculo. (Consulte sindicato).
- Exame admissional: recomendado para atividades de risco.
- EPIs e NR-18: obrigatório em obras — informe-se no site do governo.
E você, qual foi sua maior dificuldade com contratar servente? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
Fontes e referências: Ministério do Trabalho e Previdência — NR-18 (segurança na construção civil): https://www.gov.br/trabalho/pt-br/assuntos/seguranca-e-saude-no-trabalho/nr/nr-18. Para leitura jornalística sobre mercado de trabalho e emprego, consulte também o G1: https://g1.globo.com.